segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Desencontrou

Me pediu perdão, perdoei, já estava perdoado mesmo. Surpresa foi quando vi jogado na garagem uma caixa enorme cheia de cartas, fotos e todas as miudezas que a gente guardou por tantos anos, me devolveu tudo, me obrigou a aceitar. Tudo bem, não tinha remetente, eu queria tanto poder tirar a tampa e encontrar qualquer outra coisa, quem sabe aquele cãozinho que você tinha me prometido? Ou então que fosse engano, caixa errada na garagem errada. Mas o que denunciou mesmo foi a letra, a sua letra meio tortinha escrito meu nome na tampa, podia ser em outro idioma, mandarim talvez, a sua letra, conheço sempre. Acho que você daria qualquer coisa pra ver a minha cara na hora que percebi do que se tratava, era você jogando na minha garagem todo o nosso passado, presente confuso e futuro impossível. Porque o seu nome e a palavra futuro eram como ímãs que se repeliam, fácil. Deixei a caixa na lavanderia, comprei um cãozinho, quem sabe a próxima caixa que chegar ele ache antes de mim e coma todas aquelas lembranças esquecidas.

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